Com medo de nunca alcançarem novamente o triunfo comercial e criativo de ‘Tommy’, o The Who acabou gerando algo tão grandioso e ousado quanto.

Depois do sucesso estrondoso do ambicioso Tommy (1969) e de Who’s Next (1971), o The Who encontrou algumas dificuldades na tentativa de superar seus feitos criativos. Levou alguns anos, várias músicas descartadas e muita, mas muita tensão entre o quarteto até que Quadrophenia tomasse forma e viesse ao mundo no fim de 1973.

O álbum, que completa 50 anos em 2023, aumenta ainda mais a aposta feita pelo The Who em Tommy e traz uma ópera rock de uma hora e meia de duração (na época, um disco duplo) contando com poesia, acidez e instrumentais apoteóticos a história de Jimmy, um mod da classe trabalhadora inglesa atormentado por questões que vão desde a saúde mental até a aceitação social, sua dinâmica com os pais e o vício em drogas.

A “quadrophenia”, condição fictícia de Jimmy que dá nome ao álbum, é a manifestação das diferentes facetas e conflitos internos do personagem, inspirada nos mitos da época acerca da esquizofrenia. Cada um desses lados também representa a personalidade de cada membro do The Who, que, ao se juntarem, criavam algo único e explosivo.

Esses lados também são representados por quatro temas que, além de serem músicas isoladas, também aparecem em diferentes faixas como recurso narrativo: “Bell Boy” (Keith Moon), “Is It Me” (John Entwistle, faixa instrumental em “Doctor Jimmy”), “Helpless Dancer” (Roger Daltrey) e “Love Reign O’er Me” (Pete Townshend). Os quatro temas também se combinam em “The Rock”, que encerra o álbum e a história de Jimmy.

The Who - Quadrophenia (Live In London/2013)

TheWhoVEVO

Gravada em sua integridade apenas pelos quatro integrantes da banda (com exceção dos pianos, gravados e tocados por Chris Stainton), a obra foi responsável por um retorno da cultura mod e antecipou a ascensão do punk em sua narrativa, além de virar filme com a participação de Sting em 1979.

50 anos depois, Quadrophenia tem mais de 1 milhão de cópias vendidas e é tido como o “último grande álbum” do The Who por Pete Townshend. Quadrophenia ganhou algumas reedições, remixes, remasterizações e turnês comemorativas e ficou marcado como um dos álbuns mais importantes da história do rock, um registro de tudo de melhor que Pete Townshend, Roger Daltrey, Keith Moon e John Entwistle tinham a oferecer individualmente e na forma de megazord que assumiam quando tocavam juntos como The Who.

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