Entre lançamentos celebrados e álbuns que passaram batido por alguns radares, listamos materiais brasileiros e internacionais lançados no primeiro semestre de 2023 que valem o seu play.

Chegamos à metade do ano e, para variar, é tanta música sendo lançada que às vezes é difícil acompanhar até artistas que gostamos e estamos de olho. New wave, experimental, indie rock, MPB e mais: eis aqui alguns álbuns que, caso você ainda não tenha ouvido, não vai se arrepender de fazê-lo agora.

Janelle Monáe - The Age of Pleasure

Cada vez mais confortável em sua pele, identidade e musicalidade, Janelle Monáe faz o que parecia impossível depois do ótimo Dirty Computer, de 2018, e eleva ainda mais o nível. Em The Age of Pleasure, Monáe se distancia um pouco das guitarras e dos sintetizadores de seu último trabalho e nos oferece 14 faixas repletas de afrobeat, dub, reggae e soul com graves e metais inspirados. Entre as participações especiais estão ninguém menos que Grace Jones e Sister Nancy.

Jards Macalé - Coração Bifurcado

Lançado logo depois de Macalé completar 80 anos, Coração Bifurcado é, de muitas maneiras, uma celebração. O amor (particularidades, dores e esquisitices inclusas) é tema do álbum que passeia por diferentes gêneros sem jamais deixar a experimentação de lado. O violão e a poesia de Jards Macalé vem acompanhados de nomes como Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, Guilherme Held, além de participações de Maria Bethânia e Ná Ozetti.

boygenius -  The Record

Cinco anos depois do EP autointitulado, o trio de compositoras retornou com um álbum que é um mergulho no crescimento emocional atravessado por elas nos últimos anos, tudo isso guiado pelo amor e amizade entre as três. Delicado e robusto ao mesmo tempo, The Record reúne o que há de melhor nos trabalhos individuais de Phoebe Bridgers, Lucy Dacus e Julien Baker e é sustentado pela intimidade e a honestidade sem remorsos presentes em cada faixa.

Depeche Mode - Memento Mori

Primeiro lançamento da banda após a pandemia de Covid-19 e da morte do tecladista Andy Fletcher por dissecção aórtica, Memento Mori é baseado em reflexões acerca de mortalidade, envelhecimento e luto. Melancólico e sombrio sem muitos exageros, o álbum evoca momentos brilhantes da banda, que agora segue com Dave Gahan e Martin Gore, durante os anos 90.

Jonathan Ferr - Liberdade

Jonathan Ferr ficou conhecido pelo seu jazz instrumental embebido em referências ao hip hop e R&B contemporâneo. Mantendo a estética afro futurista na qual ele cresce e brilha cada vez mais, o artista, além de trazer convidados como Kaê Guajajara, Luedji Luna, Zudizilla, Coruja BC1, entre outros, também surpreende e solta a voz. De acordo com Ferr, Liberdade substitui a introspecção evocada por Cura, álbum de 2021, e quer inspirar as pessoas a se libertarem.

Kelela - Raven

Um dos melhores lançamentos do ano até agora, o segundo álbum de Kelela vem seis anos depois de Take Me Apart (2017), debut da artista. Sem perder de vista o som eletrônico que a tornou conhecida anos atrás, Kelela incorpora em Raven elementos mais etéreos e introspectivos, reflexos dos processos pessoais que a levaram a compor as 15 faixas. Com mais de 60 (!) minutos de duração, o álbum é uma viagem fantástica rumo ao coração e à mente de alguém em busca de si mesma.

Os Tincoãs - Canto Coral Afrobrasileiro

Figuras emblemáticas da música brasileira, Os Tincoãs revolucionaram o canto na MPB com suas harmonias inspiradas em cantos afro-religiosos. Gravado mais de 40 anos atrás com participação do Coral dos Correios e Telégrafos do Rio de Janeiro, Canto Coral Afrobrasileiro é composto, principalmente, de músicas que já faziam parte do repertório do grupo mas com nova roupagem, além de três faixas inéditas.