Baterista e formada em jazz, a cantora belga se dedica a um segundo álbum tão belo quanto uma trilha sonora.

Fora das fronteiras belgas, o rock flamengo é praticamente esquecido. Mas muitos se lembram de dEUS. No grupo encontrávamos Rudy Trouvé, que depois fundou a banda Dead Man Ray com Daan Stuyven. Este último acabou fundando seu próprio projeto solo chamado de Daan, onde fazia parte a baterista, vibrafonista e backing vocal de nome Isolde Lasoen.

No palco com Daan nos vocais e guitarra, Isolde se destacava, girando e se dividindo entre a bateria e o vibrafone. Ao multiplicar projetos e colaborações ao longo dos anos, ela que estudou bateria de jazz no conservatório de Ghent (e também ensinou) acabou por se lançar em nome próprio. Primeiro ligada a um grupo (os Ben’s), depois em 2017 com seu primeiro álbum de verdade, o charmoso Cartes postales, inspirado no pop francês dos anos 60. Um registro que poderia ter sido co-assinado pela Gainsbourg.

Mas a verdade é que Isolde Lasoen não precisa de ninguém, nem em cima de uma Harley Davidson nem no estúdio para existir e criar sua música. Em 2021, ela lançou um cover impressionante de The Four Horsemen de Aphrodite’s Child, anunciando suas grandes ambições para o futuro.

E aqui está: Oh Dear, um segundo álbum que Isolde Lasoen descreve como uma obra 100% ela mesma, onde ela revisita todas as suas influencias sobre as quais é absolutamente necessário falar. Em uma recente playlist para Fip radio, ela mencionava gravações de Ennio Morricone, John Barry, Daxid Axelrod entre outros. Mas também artistas como Count Basie, Duke Ellington, Donald Byrd, The Meters... E ainda revisita influencias de Françoise Hardy, Sébastien Tellier, Baxter Dury, François De Roubaix, Goldfrapp. Músicas de cinema, jazz, canções pop, tudo com o denominador comum de arranjos de altíssima qualidade. Todos eles podem ser ouvidos nas dez músicas que compõem Oh Dear, cantadas em inglês, francês e também muito instrumental (claro, Isolde canta, mas não abandonou a bateria).

Luxuosa e referencial, sua música soa como uma viagem à era de ouro do pop orquestral e cinematográfico.