Realce

Descrição do álbum

Realce (1979) é o último disco da trilogia Rê de Gilberto Gil, composta por Refazenda (1975) e Refavela (1977). O álbum foi gravado em Los Angeles e teve o produtor Marco Mazzola como figura central desse processo, já que ele já havia produzido Disco Club (1978), de Tim Maia, e também queria trazer essa proposta da música black americana para o trabalho de Gil. Porém, diferente do disco de Tim Maia que soa um pouco mais datado, como a música de uma época, aqui o produtor quis trabalhar a fusão das características de Gil com o funk e a disco music que estavam em alta na época.
“Quanto mais purpurina melhor. Realce, realce. Com a cor-do-veludo, com amor”: assim como canta Gil na faixa Realce, que abre o disco, é como se ele tivesse pego o funk americano e dado o brilho, a purpurina, a beleza e a cor da Bahia para o gênero musical. Misturando assim o estilo com samba, afoxé, reggae e MPB e o transformando em algo único, que só Gil poderia ter feito. 
Mesmo sendo um disco super original, não há como negar a referência a nomes como Chic e Earth, Wind & Fire. Entre os destaques do disco estão o baião Sarará Miolo, que traz uma letra leve sobre empoderamento negro. O clássico e dançante ijexá Toda Menina Baiana e Não Chore Mais, uma versão de No Woman, No Cry, que é uma música de Vincent Ford, mas que ficou conhecida pela versão de Bob Marley, de 1974. Não há também como falar desse álbum e não citar o papel coadjuvante, mas importantíssimo, dos backing vocals femininos e dos instrumentos de sopro que fazem a qualidade desse disco se elevar e muito, transformando Realce em um dos discos mais incríveis da carreira de Gilberto Gil. © Nathalia Pádua Bananas/Qobuz