Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda

Resenha do Álbum

O baiano Hyldon iniciou profissionalmente na música cedo, aos 16 anos. O cantor vinha numa fase de pesquisa e descoberta da soul music estadunidense depois de conhecer Cassiano e Tim Maia, e sendo apoiado pelos mesmos, começa a compor regularmente e fazer seus próprios arranjos. Pouco tempo depois recebe a proposta para trabalhar como produtor da Polygram, convite que é aceito sob a condição de também lançar seu próprio material.

Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda foi lançado em 1975 para sucesso de público e crítica. Emplacou canções como Na Sombra de Uma Árvore, As Dores do Mundo, Acontecimento, além da faixa-título que se tornou seu maior sucesso. Acompanhado pelo grupo carioca Azymuth, nesse disco o baiano mescla arranjos orquestrais sofisticados com uma banda mais enxuta. Ele traz consigo uma certa melancolia nos temas tratados na letra e em sua performance como cantor - amplificada pelo balanço leve, porém sólido, da banda. Com influências do funk e do sambalanço, Hyldon traz uma sonoridade única até então no Brasil, que consegue ser introspectiva, psicodélica e dançante ao mesmo tempo.

Depois de passar alguns anos em baixa por conta de sua relação conturbada com as gravadoras, dos anos 90 em diante sua obra é redescoberta devido às regravações por artistas como Jota Quest, Kid Abelha e Marisa Monte, além do uso de suas canções em filmes como Cidade de Deus e Carandiru. Hyldon é hoje tratado, junto a Cassiano, como um dos fundadores da soul music e da música negra no Brasil. ©️ João Gabriel Fonseca - Bananas/Qobuz