A Voz e o Violão

Resenha do Álbum

Não deixa de ser espantoso que A Voz, O Violão e a Música de Djavan (1976) seja o primeiro disco da carreira de um artista que construiu para si um lugar no panteão da música brasileira, ao mesmo tempo calcado na canção e rompendo seus gêneros, e com uma lírica totalmente particular. A produção de Aloysio de Oliveira – o homem responsável pelo selo Elenco e por parte da carreira de Tom Jobim e Carmen Miranda – para o disco causou uma frustração que o próprio Djavan levaria anos para superar: ele conta que entre as mais de 60 canções oferecidas para a gravadora, 12 foram selecionados para o álbum e oito delas eram sambas. Então embora a escolha possa ser classificada como uma tentativa comercial de encaixar o inclassificável artista em um gênero de sucesso, a presença massiva do samba nesta estreia mesmo assim aponta para um futuro (que agora todos sabemos) brilhante. Apoiado em parte da banda que vinha acompanhando Elis Regina e César Camargo Mariano nas levadas jazzísticas do samba mainstream, Djavan transforma protocolos das músicas brasileiras (além do samba, especialmente o baião) por meio de aspectos modernizantes. A permanência de músicas como Flor de Lis e Fato Consumado no repertório tanto de DJs descolados de música brasileira quanto de músicos dedicados às apresentações ao vivo em todo o Brasil comprova que, desde seu primeiro impulso, Djavan já caminhava para se tornar um imenso baluarte. © Guilherme Sobota - Bananas/Qobuz