Conversamos com Felipe Puperi, o nome por trás do Tagua Tagua, sobre o seu último lançamento, processo criativo e os próximos passos da banda

A obra da artista plástica japonesa Yayoi Kusama é marcada pelo excesso de círculos e cores vivas. A multiartista, que conviveu com alucinações da esquizofrenia por toda a vida, desenvolveu um estilo único e altamente reconhecível, tornando-se um dos ícones da arte moderna. Fortemente inspirada pelas formas geométricas de Kusama, o indie rock psicodélico do gaúcho Tagua Tagua também transmite uma sonoridade única, colorida e circular, resultado dos processos de um artista que produz sua música sozinho e não quer se acomodar, sempre tentando se reinventar. O cantor, multi-instrumentista e produtor já se apresentou em diversas capitais do Brasil e do mundo, além de tocar no SXSW, nos Estados Unidos, e lançou em março seu segundo disco de estúdio, Tanto.

Felipe Puperi começou sua carreira na música na banda Wannabe Jalva, onde ficou até 2016. Logo após a sua saída, “num turbilhão de ideias”, começou a produzir diversas faixas em casa com o intuito de se redescobrir como artista e entender o tipo de sonoridade que gostaria de atingir. “Fiz um EP de 8 músicas, gravei inteiro e joguei todo fora”, diz Felipe, em entrevista exclusiva para Qobuz. “Depois peguei outras 6 ideias, tirei 3 músicas e lancei meu primeiro EP.”, referindo-se ao Tombamento Inevitável, de 2018.

Assim como a comuna chilena de mesmo nome que inspirou o pseudônimo do cantor, a música de Tagua Tagua é solar e colorida, com guitarras reverberadas e sintetizadores retrô que aumentam a paleta sonora do compositor. Seu primeiro disco, Inteiro Metade, lançado em 2020, foi figurinha carimbada em diversas listas de melhores do ano, com destaque para a faixa título.

Já em Tanto, segundo disco do gaúcho, Felipe buscou uma sonoridade um pouco mais minimalista, etérea e linear - o disco inteiro parece uma só grande canção, tamanha a coesão da proposta estética. “No início de um projeto existe muito o tempo do artista entender o que ele quer dizer com aquilo ali, e pra mim o Inteiro Metade foi descobrir isso. Já no Tanto eu sabia o que eu gostava”, conta Felipe.

Suas capas são um show à parte. Além das referências à Yayoi Kusama, na parceria com o artista visual João Lauro Fonte, a música de Tagua Tagua consegue se traduzir com perfeição no melhor estilo Bauhaus, com formas geométricas simples e minimalismo, além do uso de cores frias e gradientes.

Um artista prolífico, Tagua Tagua mistura rock, soul, psicodelia e até música disco em Tanto. Atualmente, ele está em turnê pelo Brasil com esse segundo disco e contou para a Qobuz que a ideia é “seguir fazendo mais alguns shows. A gente tem planos de ir pra fora pra fazer o lançamento na Europa em novembro, além de fazer um vídeo legal”. Apesar de tantos projetos, Felipe afirma não ter pressa: “O álbum vira uma coisa depois de um tempo, você precisa dar um tempo pra ele. É um tempo de maturação, das pessoas indo descobrindo aos poucos”.

Tagua Tagua está disponível aqui na Qobuz.

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