Fim das Tentativas

Resenha do Álbum

Aos 33 anos, o rapper, cantor e compositor paulistano Rico Dalasam vive seu melhor momento na música. Após lançar em 2020 Dolores Dala, O Guardião do Alívio – uma exploração pessoal com poucos paralelos no rap nacional e de fortes tintas autobiográficas – Rico coloca no mundo agora a continuação daquele projeto, o EP Fim das Tentativas. Mais compacto, o novo trabalho é também mais direto na entrega do seu discurso, embalado nas batidas de Dinho Groove, seu parceiro de longa data. Em De Longe, áudio-manifesto que abre o disco, o rapper reflete sobre o próprio processo anterior: “Me vi na parte que, de longe, a dor vira arte e meu passo em falso ganha aplauso”, e em seguida avisa: “E nesse instante, declaro: fim das tentativas!”. Em Guia de um Amor Cego – com a participação da cantora Céu – ele constata que “O que sei sobre o amor, eu inventei”. Ando Perguntando se apresenta como um questionamento de si próprio, mas não deixa de ser um reconhecimento de certo sucesso, que não chegou fácil. Tarde D+ pode ser considerada uma espécie de continuação de 30 Semanas, single anterior ao EP com sabor de hit ao inserir influências do “verdadeiro” mainstream brasileiro no rap independente, como do piseiro e até do sertanejo. Rico também é conhecido por absorver métodos do pagodão baiano, e essa faixa em específico junta tudo isso a um flow afiado. A faixa título que fecha o álbum, um rap melódico com o toque inconfundível do trio Tuyo, é um lamento melancólico para um amor perdido: mas um degrau fundamental na ascendente carreira de Rico Dalasam. © Guilherme Sobota - Bananas/Qobuz