Errante

Adriana Calcanhotto

Lançado em 31/03/2023 por Modern Recordings
Artistas principais: Adriana Calcanhotto
Género: World music

Disponível em

24-Bit/44.1 kHz Estéreo

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Errante (2023) é o décimo terceiro disco inédito de Adriana Calcanhotto e precede Só (2020). Diferente do registro anterior, que foi gravado em um cenário de isolamento social, da porta de casa pra dentro, e que questionou “O que se faz na quarentena?”, no funk irreverente Bunda Lê Lê, Errante é mais expansivo e nos apresenta uma Adriana nômade, desimpedida, que reavalia de maneira aberta os seus erros e acertos e, de certa forma, o seu lugar no mundo.

A capa do disco, inclusive, conta com fotos 3x4 de 7 passaportes da cantora e de dezenas de vistos de lugares por onde ela passou ao longo dos seus 57 anos de idade - 33 deles dedicados à música. Na faixa de abertura, Adriana canta: “tenho um corpo italiano, um nascimento no Brasil, alma lusitana, a mátria africana”. É como se ela visse a necessidade de se reapresentar para os fãs, após ter feito recentemente um teste genético, onde descobriu as suas origens - incluindo a judia.

Embora vejamos aqui uma “nova Adriana”, a “velha compositora” permanece ao fazer referências a Oswald de Andrade, ao Manifesto Antropofágico, Lygia Clark, a Semana de Arte Moderna, e tantos outros. Além de ser reconhecida por compor letras que são como uma cebola, que quanto mais se descaca, mais camadas e referências se vai descobrindo, Adriana também ganhou a notoriedade que tem hoje pela sinceridade de suas composições que não tem medo de mostrar o que ela está sentindo.

Em Errante, a gaúcha fala sobre amores, fins de relacionamento, erros, acertos e luto. Larga Tudo, por exemplo, é a mais alegre do álbum e traz um samba de roda que se opõe a ideia de explorar o mundo da faixa inicial e evoca que e “a felicidade pode estar pro lado de cá desta porta, dentro de um quarto de hotel”. Já Quem Te Disse?, Levou Para o Samba a Minha Fantasia e Jamais Admitirei falam sobre amores que não deram certo, de uma maneira irônica e, por vezes, ressentida. O álbum ainda conta com Reticências, uma música que soa como uma carta de luto destinada a Suzana de Moraes, com quem dividiu 26 anos da sua vida, nela Adriana parece não aceitar a perda da companheira, que faleceu em 2015, e canta: “mentira, você não foi embora”.

Em termos de sonoridade, o álbum flerta com a MPB e a bossa nova como em outros trabalhos da cantora. Ele surpreende no xote de adeus Pra Lhe Dizer, em Lovely, uma gafieira universal que poderia ser tocada tanto em um barzinho em Buenos Aires como em Lisboa, e na faixa final Nômade, que a é mais experimental do álbum e brinca com metais de maneira elegante e solta. Era isso o Amor? também é um momento interessante do disco por trazer uma aura mais rock’n’roll para o registro, com direito a solo e tudo mais.

O álbum foi gravado durante 9 dias em uma casa-estúdio na serra do Rio de Janeiro e contou com a participação de Alberto Continentino (baixo e piano), Davi Moraes (guitarra e violões) e Domenico Lancellotti (bateria e percussão). O disco é um lançamento da Modern Recordings. © Nathalia Pádua - Bananas/Qobuz

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